Falta de Planejamento Estratégico do Setor Elétrico – Quem irá pagar a conta?

fev 26, 2015 | por Heitor Bergamini | Artigos

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Durante a campanha das últimas eleições a presidente Dilma usou diversas vezes, de forma inteligente, a eminência de faltar de água em SP. Argumentava que o estado comandado pelo PSDB havia chegado a esse ponto crítico por pura falta de planejamento. Em parte ela estava certa, o que ela não contou é que o problema não se restringia a SP e sim a boa parte do país exceto aos estados do sul e parte da região norte. Por outro lado Aécio Neves se defendia argumentando que não faltaria água em SP e o problema estava sob controle.

As consequências da estiagem prolongada são graves e não se restringem à falta de água. Será que alguém ainda acredita que a falta de água e os constantes apagões são obras exclusivas de São Pedro?

A estiagem prolongada e a eminência da falta de água obrigou boa parte das hidroelétricas a diminuírem suas vazões e, por consequência, gerarem menos energia. A saída foi operar as usinas termoelétricas ao máximo de suas capacidades. O efeito foi imediato: energia mais cara e aumento da poluição.

Na realidade o problema que estamos enfrentado de aumento do custo da energia começou em meados de 2012. Alguns setores da economia, os maiores consumidores, pressionaram o governo com o argumento de que parte da falta de competitividade do país era o alto custo da energia. Estavam certos quanto ao alto custo uma vez que a nossa energia era e continua sendo uma das mais caras do mundo. Grande parte deste custo é gerado pela carga tributária, outra pela ineficiência do sistema e por fim a falta de investimento no setor.

A presidente veio então à público para anunciar, em rede nacional, que o seu governo estava baixando o preço da energia elétrica. O que faltou explicar era quem pagaria a conta no futuro.

Existem formas efetivas de se baixar o preço:

- Aumentar a geração(oferta): não foi essa a forma escolhida. Pelo contrário: faltou investimento em geração e transmissão.

- Abaixar o consumo residencial e lançar um programa para diminuir o desperdício de energia – o governo também não optou por esta alternativa. Pelo contrário, incentivou o aumento do consumo residencial que já vinha aumentando baseado no modelo de crescimento do consumo das classes C e D.

- Diminuir a carga tributária: impossível, uma vez que boa parte do tributo é de competência dos Estados.

Então, a alternativa usada foi simples: financiar a baixa do preço armando uma “bomba relógio” para 2015/2016.

Neste inicio de ano estamos sofrendo com aumentos do preço de energia que ultrapassam os 20% e em alguns casos chegando aos 40%. Já  temos notícias de apagão afetando vários estados brasileiros o que reforça a tese de colapso do setor elétrico.

E pode piorar. Já se fala em queda de 1,5% do PIB caso haja racionamento de energia. 

Novamente o governo se preocupou com os “EFEITOS” de curto prazo e não atuou nas “CAUSAS” do problema. As consequências da falta de planejamento e do viés populista do governo serão pagas por todos nós brasileiros.

A falta de gestão dos recursos disponíveis e a inexistência de políticas públicas estão nos arrastando para o abismo. Alías, de certo modo temos que agradecer o crescimento zero de nosso PIB pois se crescêssemos a taxas próximas a dos chineses estaríamos no escuro e já teríamos morrido de sede e provavelmente também de fome.

A minha sugestão é que a conta da “Falta de Planejamento Estratégico no setor Elétrico” deva ser paga por:

- Setores industriais e grandes consumidores que tiveram vantagens em seus balanços com a baixa temporária do preço da energia.

- E  pelos eleitores que votaram a favor da Presidente Dilma.