Os Frutos de uma Eleição

nov 27, 2014 | por Heitor Bergamini | Artigos

Após algumas semanas do segundo turno das eleições presidenciais, quando pensei que os ânimos iriam começar a serenar, temos que nos perguntar quais serão os frutos que poderemos colher deste episódio histórico?

Vou enumerar alguns:

1. Nunca foi tão fácil mentir de forma tão inconsequente.

Os candidatos, seus partidos e assessores inventaram números, imagens e fatos sem serem contestados.
Será que foi apenas despreparo dos adversários em contestar?
Será que ninguém se preocupou em contestar pois acreditam que a acusação e a mentira valem mais que a verdade e a defesa?
Teriam eles a certeza da impunidade, uma vez que neste país pode-se fazer acusações falsas sem ter consequências?
Acreditam que a justiça não é igual para todos?
Ou acreditam que “nunca na história deste País se investigou tanto a corrupção” – faltou dizer que nunca na história deste país houve tanta corrupção.

2. Marketing é tudo.

A diferença entre a “competência” de marketing das duas companhas foi brutal. Aqui não estou falando da qualidade técnica ou teórica de uma e de outra equipe. Estou falando de “foco”. Enquanto um marketing  manteve o padrão de desconstruir tudo e todos os adversários o outro mudava de foco constantemente e até os últimos dias da campanha não sabia se seria melhor atacar ou defender.

3. Vivemos em um País muito diferente do que os candidatos nos mostraram durante a campanha.

Infelizmente eu não conheço o Brasil onde tudo está melhor conforme nos foi mostrado. Conheço sim, um país onde alguns pontos melhoraram mas ainda temos um longo caminho para percorrer até que possamos viver com um pouco de dignidade.

4. Outro fruto da eleição foi a intolerância.

Siga-se a isso as agressões e “palavras de ordem”, muitas vezes chegando a violência física entre adversários e militantes.

5. Saímos com um País dividido – Sim

5.1. A divisão feita pelos políticos:

- Nós e Eles;
- As elites e os trabalhadores – como se “as elites” não trabalhassem ou que não existe membros e simpatizantes do PT nas elites;
- O PT também dividiu “as elites” em duas classes distintas: A Elite das classes A e B são as pessoas de cor branca que não votam no PT. Os demais ricos que votam no PT pertencem as classes trabalhadoras (aqui estão os políticos, sindicalistas, companheiros, etc);
- Norte e Nordeste contra Sul e Sudeste – como se não houvesse nordestino que optou por morar no sul ou paulista morando no nordeste;
- Dividiu entre negros e brancos;
- O STJ dividiu os  condenados provando que a Justiça “não é igual para todos” – dividiu-se entre os que cumprem as penas por serem pessoas comuns e os que políticos que cumprirão suas penas em casa.

5.2. A divisão feita pela população:

- Os eleitores. 53 milhões que votaram no PT mesmo sabendo de todos os fatos que estão sendo apurados na Petrobrás e outros. Portanto são “cúmplices” e não eleitores.

Isso me fez lembrar do livro A Revolução dos Bichos – George Orwell, onde o porcos tomam o poder. Algum tempo depois surgiram as primeiras regras e entre elas:

“TODOS os bichos SÃO IGUAIS”;

Passado algum tempo os porcos alteraram “um pouco” a regra que passou a ser:

“Todos o bichos são iguais. Porém alguns são mais iguais que outros.”

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Charge baseada no livro “A Revolução dos Bichos”

Também lembrei de uma frase que usávamos na época da Ditadura: “Não podemos perder a capacidade de nos indignar”.

Pra terminar, deixo para reflexão uma frase de Abraham Lincoln:
“Você não pode promover a fraternidade admitindo e incentivando o ódio entre as classes”