CUIDADO COM AS RECAÍDAS
Acabo de lançar um livro sobre “Gestão de carreiras” onde prego que devemos fazer apenas o que nos der prazer e dedicar mais tempo para as nossas vidas.
Decidi parar de trabalhar como Executivo e fazer uma carreira “solo” onde tenho mais tempo para realizar alguns dos meus sonhos.
Após ter tomado a decisão de mudar de vida e de carreira passei por várias etapas que foram da euforia por não ter mais a pressão do dia a dia, a alegria por poder dizer não a tudo aquilo que não queria fazer, a indiferença diante do que as pessoas pensariam, a saudade de alguns colegas entre outras.
Em alguns momentos fiquei em dúvida se a decisão tomada foi a mais acertada.
Cada uma destas etapas têm características peculiares onde as causas e as consequências devem ser analisadas e entendidas para que não tenhamos o risco de recaídas.
Uma decisão como a que eu tomei não será apoiada por unanimidade, sempre haverá aqueles que irão questioná-la.
A parada ou a mudança de vida e carreira não pode ser uma surpresa para as pessoas mais próximas e para aquelas que amamos. Estas pessoas devem estar preparadas e devem participar de cada passo da tomada de decisão, afinal serão elas que nos darão o apoio necessário para cada um dos momentos e situações que podem surgir após a decisão.
Caso você venha a tomar uma decisão como a que tomei de mudar radicalmente de vida esteja preparado para o dia seguinte.
Tenha as respostas prontas, lógicas e verdadeiras porque as perguntas podem ser constrangedoras principalmente dos curiosos. As pessoas próximas e que nos amam certamente vão nos apoiar porque sabem que estaremos entrando em uma nova vida com a intenção e a certeza do melhor.
As recaídas
A primeira recaída foi a euforia.
Dois meses após a parada fui a Florianópolis para passar o Natal e ano novo, foi quando comecei a escrever este primeiro livro (Gestão de Carreiras).
Eu ainda estava na fase de euforia e alegria. Continuava muito produtivo! Sentava para escrever e esquecia o mundo, não frequentava a praia, dormia pouco e me alimentava mal.
Quando não estava escrevendo estava lendo tudo o que aparecia na minha frente: livros, jornais, revistas… eu não conseguia desacelerar e não me dava conta.
Em um pouco mais de um mês o meu primeiro livro estava em pé faltando alguns poucos detalhes e uma boa revisão.
Em fevereiro voltei para Florianópolis para passar o carnaval e comecei a escrever o segundo livro sobre Marketing e Vendas – áreas pelas quais sou apaixonado.
Voltei para São Paulo e comecei a dar palestras sobre Carreiras. Eu já estava em plena forma executiva quando “caiu a fixa”: continuava dormindo pouco, estava estressado e voltara para a velha e ativa forma de trabalho – “aquela que eu tanto criticara”.
Já estávamos em abril quando rodei o PDCA pela primeira vez e retomei o Planejamento.
Voltei a estudar. Fiz o Programa de Desenvolvimento de Conselheiros da Fundação Dom Cabral e me preparei para a nova fase de carreira.
Voltei a viajar com o objetivo de descansar e desacelerar. A minha esposa levou telefone e eu embarquei sem celular e sem computador.
Uma viagem maravilhosa… primavera, longas caminhadas, museus, boa mesa e muitos vinhos nacionais…
Voltei a fazer as coisas que me davam prazer.
A segunda recaída foi o convite para o retorno à vida executiva: uma proposta real de emprego.Quando o mercado soube que eu havia saído de minha antiga empresa algumas pessoas me procuraram com sondagens e ofertas as quais eu descartei mesmo antes de iniciar negociações, pois eu já tinha decidido que não voltaria a trabalhar como executivo e muito menos no setor onde havia construído uma carreira sólida.
Porém, uma proposta era mais tentadora… Eu seria o CEO de uma grande empresa com o desafio de reestruturar o negócio, participar da montagem da Governança Corporativa e posteriormente faria parte do Conselho.
Este sempre foi o tipo de desafio que me motivou: reestruturar empresas, lidar com ambientes de mudança e ser Conselheiro. Além de tudo isso a remuneração era excepcional.
Mantive-me coerente com as minhas escolhas de não voltar para a vida executiva.
Revisitei os Valores.
A terceira recaída foi o excesso de trabalho.
Esta é a fase pela qual acabo de passar e que me fez usar novamente as ferramentas de Gestão: PDCA e Planejamento.
Reestruturei as minhas atividades em três empresas e busquei a participação de algumas pessoas que me apoiam em cada Projeto.
Consultoria (Conselheiro, Palestrante e Escritor), Imóveis e em outubro iniciei uma franquia em Porto Alegre.
Busquei apoio nas amizades sinceras (network) e voltei ao Planejamento de Longo Prazo.
Aprendi que o melhor remédio contra as recaídas é voltar para as ferramentas essenciais.